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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Projeto inacabado (despojos)




Já passa do meio dia.
As sirenes das fábricas já devassaram o silêncio dos momentos de concentração.
Afinal de contas estavam a meio do projeto.
Discutia-se a capacidade (deles) em deixar pegada.
A pequena bola laranja saltava de mão em mão, procurando conter a inexorável tendência para se esgotar o tempo.
A pequena bola laranja saltava de mão em mão, agitando as ideias, empurrando as soluções com o ar que circulava entre o grupo de trabalho.
Procurava-se a chave da implementação e desenhava-se a solução.
Entretanto a sirene tocou, o tempo esgotou-se e a bola laranja escapou-lhe das mãos, tropeçando junto à janela.
Tabelou, rodopiou, repetiu três vezes saltinhos cada vez mais minúsculos e imobilizou-se, aninhada no pilar.
E quando o tempo se esgota, esgota-se mesmo, e a sirene passa a ter um significado diferente, já não é mais o intervalo.
E, naquele dia, a sirene foi mesmo o fim
E a bola laranja por ali ficou, a mensagem na garrafa que precedeu a fuga
Foi esta a única pegada que ficou, e a palavra implementação ficou a falar sozinha.
Acontece.
Acontece todos os dias e, mesmo assim, ou apesar de hoje, termos despertado a madrugada.




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