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sábado, 26 de julho de 2014

Na rota de Montenegro - Budva



Montenegro tem de tudo para ser uma espécie de país. Abençoada pela grande mãe sérvia, agora amputada dos seus braços de mar – é que para ser país nas Balcãs, é imprescindível ter a sérvia como, no mínimo, desconfiança – seiscentos mil habitantes, uma dimensão que cabe na mão direita de um sérvio deitado ao Sol nas praias rochosas de Budva.
Maja, a nossa amiga de Montenegro sorriu, dividida entre o desdenho pela ignorância do Homem Safari, e o comprometimento por terem emprestado aos sérvios umas milícias para atacarem Dubrovnik:
- Não, nós não fomos bombardeados. Estávamos do outro lado (a referência à Croácia era evidente)
A miúda também era, na altura, demasiado nova, por isso não chegou a corar.
Vermelho de vergonha ficou o Safari, um elefante de focinho de suíno, calções beije de explorador, óculos de aros grossos tão pretos que lhe borravam a cara de medo sempre que lhe levavam o passaporte para uma das inúmeras fronteiras que povoam a península.
Indefinido o sotaque, o pavor descontrolado revelava-nos a mais do que provável nacionalidade – americana.
Vinte por cento do país percorrido numa manhã.
Permanece, para meu mistério pessoal, porque que raio se tornaram independentes, sem guerra e quinze anos depois de ter acabado a Jugoslávia.
Órfãos da mãe pátria, adoptaram o mesmo presidente, desde a independência, mau grado os rumores que circulam nas poucas notícias virtuais sobre o país, de que o senhor já se envolveu amiúde em algumas nuvens de corrupção e participação em ilícitos de diversa ordem.
Em Budva, e ao longo da faixa de terra à beira-mar plantada, demonstram a entusiástica adesão ao capitalismo do dinheiro sem cor e sem cheiro e a ambição reflectida nas placas em cirílico, penduradas nas varandas das centenas de edifícios e condomínios em construção, de vender a costa Adriática em postas, aos russos da nova ordem.
Mónaco Oriental, sussurram os iates de luxo que se acotovelam nas insuficientes plataformas de atracagem e as meninas vistosas, apreciadoras de rublo forte, que pululam à porta das novas discotecas ao ar livre.

Enfim, um mimo!


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