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terça-feira, 29 de julho de 2014

A vida efémera dos conquistadores



O general francês do exército de Napoleão, instala-se no seu cadeirão, em cima do torreão sul da muralha que circunda Trogir e reúne a sargentada para uma partida de cartas.
Não há piratas que cheguem perto e, enquanto não chegar o inverno na frente russa, a vida de um soldado no Adriático é azul.
Tão absorto no jogo, não se apercebeu qua a paisagem urbana, polvilhada de telhados vermelhos e de torres de igreja, era predominantemente de origem veneziana, alguns alçados medievais e nada, ou quase nada, das civilizações da antiguidade.
O general fazia a guerra, não era arquitecto ou artista mas, se entendesse alguma coisa de estilos de construção, ficaria certamente irritado com esta manifestação de ostentação de um povo que não se destacava pelos seus dotes militares.
Ou então, se percebesse que não chegava conquistar os lugares para lhe modificar a paisagem.
E o general tinha mau génio, tanto quanto a soberba vista que podia dali desfrutar.
O azar dos franceses é que, para serem donos de impérios exóticos, não podem destruir o que outros construíram, dado que o património do lugar é o que dá valor às conquistas.
E quando os italianos voltaram, aproveitando-se da desgraça dos outros, sentiram-se em casa.
Um Azar dos Croatas, que não se conseguiram conter, e estoiraram com um leão de pedra na Loggia Veneziana, na praça central de Trogir

1930 DC.



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